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Bacharel pela Faculdade de Direito do Pará, Gengis Freire (Belém, 1945) é diretor-presidente da Editora CEJUP e do jornal A Província do Pará, um dos três diários mais antigos do país.
Tem tido marcante atuação na área jurídica, com participação em congressos e seminários. É detentor de inúmeras medalhas e condecorações. Foi fundador e primeiro coordenador da Escola Superior da Magistratura no Estado do Pará, além de secretário-geral do Tribunal de Justiça do Estado do Pará.
Cursou o Colégio Visconde de Souza Franco, o Colégio do Carmo e o Colégio Estadual Paes de Carvalho. Foi professor de Elementos de Economia Política, Direito Usual e Legislação Aplicada. Concursado como juiz de Direito, foi nomeado para a Comarca de Ponta de Pedras, optando, porém, por não assumir a função.
Eleito para a Academia Paraense de Letras, conquistando o direito de suceder José Guilherme de Campos Ribeiro, o poeta e editor Gengis Freire tomou posse em 1995. É considerado por Acyr Castro e Alonso Rocha bom e seguro poeta, imaginativo, criador.
Fundou e dirigiu a revista Esquema, de literatura. Foi redator da coluna Poesia, na página literária que Ildefonso Guimarães manteve por mais de vinte anos no jornal A Província do Pará.
Antes da CEJUP, gráficas cheias de idealismo e de contribuir com a cultura em Belém a precederam: a de Hermógenes Barra, a de Giorgio Falângola e a Grafisa de Altino Pinheiro. Com gráfica própria, a CEJUP se impôs como a mais capacitada para reeditar e lançar autores paraenses. Nascida como Centro de Estudos Jurídicos do Estado do Pará, ostenta hoje porte industrial o mais moderno do Norte e Nordeste, podendo igualar-se às grandes editoras do Rio de Janeiro e São Paulo. Assessores diretos: a esposa Ana Rosa Cal Freire, a filha Ana Carla Freire e Maria Miranda.
Com suas atividades, prova Gengis que o poeta não precisa ser aquele nefelibata com a cabeça nas nuvens. Sonha, sim, mas executa em seguida de dia o que sonhou de noite. Assim, a CEJUP marcou presença, não só nas Feiras de Livro de Rio e São Paulo, como também em nove feiras internacionais, na América do Sul (Montevidéu, no Uruguai), nos EUA (Chicago) e na Europa (Alemanha, Itália e Portugal).
Adquirindo A Província do Pará dos Diários Associados em 1996, transformou o centenário órgão de imprensa, de 124 anos, num jornal moderno, compacto e de presença marcante em Belém e no Pará, sendo já líder de assinaturas em todo o Estado. Para elevar o jornal ainda mais, mandou buscar o escritor e jornalista paraense Nicodemos Sena (autor da saga amazônica A Espera do Nunca Mais, romance de mais de oitocentas páginas, editado pela CEJUP em 1999, alvo de entusiásticos elogios pela crítica) de São Paulo para Belém, para que fosse o editor do jornal e dirigisse a CEJUP, no início de 2000.
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Do livro Poesia do Grão-Pará (Rio, Graphia, 2001, seleção e notas de Olga Savary)
A CIDADE
Ah cidade desventrada
verde várzea de contraste.
Na multiforma incriada,
a subir em nervo e haste,
eu julgo ver o abstrato
abismo prenhe de grito:
teu arquiteto é exato
em calcular o infinito.
Algas, águas este aquário
em que vives tem em si
– o sonho de mar é vário
e por amar me perdi.
E, perdido, ando à procura
do longo caminho verde
onde eu aprendo a loucura
dolorosa de querer-te.
Querer-te muito, em dorsal
desdobrar-se doação,
como na entrega total
ou num aperto de mão.
Só então eu posso amar-te,
vencer tua cidadela
e beijar por toda parte
teu corpo de mar-e-vela
– abstrato aquário exato,
leque limpo de granito,
acabado como um ato
de momento e de infinito.
E depois, após a posse,
voltarás em sonho e chuva
que verde é cor mais doce
e te cai como uma luva.