Seleção de obras e autores da Graphia Editorial.
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Luiz Paulo Galrão (Ubaíra, BA, 1934) é formado em Medicina Veterinária pela Faculdade da Bahia (1957), tendo sido o orador oficial da turma, e em Direito, pela UFPA (1964). Exerce, atualmente, a profissão de advogado.
Integra as seguintes coletâneas: A Amazônia, editada pela Sudam (1969), Primeira Antologia dos Novos Poetas do Novo Rio de Janeiro, organizada por César de Araújo e Walmir Ayala (RJ, 1975), A Nova Literatura Brasileira (RJ, Shogun, 1983), Anuário de Poetas do Brasil – 1984 (1.º vol.) e Escritores do Brasil – 1986, do escritor Aparício Fernandes, Valores Literários do Brasil – 1986 e II Antologia de Poetas e Escritores do Brasil – 1987, seleção de Reis de Souza.
Pertenceu ao Movimento Poético Nacional (SP) e à União Brasileira de Escritores, seção do Amazonas.
Seu nome é verbete da Enciclopédia da Literatura Brasileira, edição do MEC, sob a direção de Afrânio Coutinho e J. Galante de Souza, da Enciclopédia da Literatura Brasileira Contemporânea, de Reis de Souza e do Dicionário de Escritores Brasileiros Contemporâneos, de Adrião Neto.
Tem quatro livros de poesia publicados, alguns tendo recebido prêmios do governo do Estado do Pará. E tem inédito Sonetos, livro que conquistou o Prêmio de Poesia Vespasiano Ramos da APL, 1981.
Livros: Mensagem. Poesia. Belém, Grafisa, 1969; O Homem-Rio. Poesia. Belém, Falângola, 1971. Prêmio Paulo Maranhão e Prêmio Santa Helena Magno, do governo do Estado do Pará; Poemas Escolhidos. RJ, São José, 1975; e Isto é Poesia. Belém, Falângola, 1982.
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Do livro Poesia do Grão-Pará (Rio, Graphia, 2001, seleção e notas de Olga Savary).
BELÉM
Forte, Largo da Sé, Cidade-Velha:
velhas casas, porões, templos, arquivos,
fantasmas pelas ruas, luas, telhas
enchendo de emoção os que estão vivos!
Pisos, paredes, paredões gretados,
terreiros, adros, quadra e quintais,
muros, palácios, casarões, sobrados
que evocam tempos que não voltam mais.
Avenidas cobertas de mangueiras,
prédios, chalés, arranha-céus a flux
vendolas de açaí, tacacazeiras.
Fontes de águas serenas, céus azuis,
brancas nuvens no ar lembrando ovelhas,
nome da terra onde nasceu Jesus!
AViSO
Conforme a situação:
O poema
pode ser
uma rosa
Pode ser
um cravo
Pode ser
um favo
Pode ser
um grito
Pode ser
um soco,
uma pedra
ou um canhão.
MINHA CANÇÃO DO EXíLIO
Esta terra em nada
se compara à minha terra amada.
A natureza aqui
não tem tanta beleza
como lá.
As matas não são tão verdes
nem cor de prata o luar.
As aves daqui são mais feias,
os bosques têm outras flores
e as flores outras cores.
O céu tem menos estrelas
e menos peixes o mar,
o monte não tem palmeira
nem tampouco sabiá.
Vou de volta
vou de volta
esta terra me desterra
esta terra me sufoca.
HOMEM-RIO
Um clima
de água
se abre
sobre o rio
sobre as pedras
sobre as margens
sobre o homem;
um clima
um tempo de rio
um vento de rio
soprando:
contra o
tempo
contra a
pedra
contra a
pele
contra o
homem
contra o
vento,
soprando dor
tor-
mento, frio.
friagem
paisagem:
pássaros es-
correndo das
copas das
árvores,
terra ca-
indo no rio,
terra flu-
indo no rio,
face descar-
nada no rio.